A Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), Câmpus Erechim, foi palco de uma aula aberta marcada por reflexões profundas, empatia e compromisso social. O evento, ocorrido no dia 9 de abril, foi organizado pela Liga Acadêmica de Perícia e Medicina Legal (LAPMEL), em parceria com o Centro Acadêmico de Medicina (CAMED), por meio do Projeto Social Ressignificar — uma iniciativa voltada ao acolhimento e apoio de mulheres vítimas de violência sexual.
A palestra reuniu nomes de grande relevância na área da justiça e da saúde mental. A promotora de justiça, Stela Bordin, compartilhou sua vivência na linha de frente do enfrentamento à violência contra a mulher, destacando os desafios enfrentados no sistema jurídico e a importância da denúncia. A Promotora destacou com firmeza e sensibilidade: "a vida só vem depois que a violência acaba". A frase ecoou entre os participantes e sintetizou a urgência de romper com ciclos abusivos que aprisionam tantas vidas. A dificuldade de deixar uma relação violenta, muitas vezes marcada pelo medo, pela dependência emocional e pela falta de rede de apoio, foi abordada com empatia pelas palestrantes, reforçando a necessidade de acolhimento contínuo e políticas públicas eficazes.
Por outro lado, a psicóloga e advogada Michelle Zanatta trouxe uma abordagem multidisciplinar sobre os impactos emocionais da violência e a necessidade de um olhar humanizado no atendimento às vítimas. Já Gabriela Fonseca Paz, idealizadora do projeto Ressignificar, emocionou o público ao apresentar a trajetória da iniciativa e os frutos do trabalho comunitário em defesa da dignidade feminina.
A aula aberta contou com mais de 150 inscrições, reunindo estudantes dos cursos de Medicina, Psicologia, Direito, Biomedicina e outras áreas. Toda a arrecadação do evento foi integralmente doada ao projeto Ressignificar, fortalecendo as ações desenvolvidas junto às mulheres assistidas.
Mais do que um encontro acadêmico, o evento representou um importante espaço de formação cidadã e sensibilização social. Ao aproximar os futuros profissionais das realidades enfrentadas por vítimas de violência, a iniciativa, idealizada pelos diretores Vitória Eduarda Santos, Lauren Skovronski, Luiza Sarzi, Laura Pagnussat e Elian Pedreiras, responsáveis pela Liga Acadêmica e orientados pela professora Giana Sartori, promoveu o diálogo entre teoria e prática, além de estimular o engajamento em causas urgentes e humanas.
O Projeto Social Ressignificar está de portas abertas para acolher vítimas de violência, independentemente de gênero, idade ou classe social. Abusos que podem ter ocorrido na infância, adolescência ou vida adulta são tratados com o cuidado e o respeito que cada história merece. O projeto visa encaminhar as vítimas para um tratamento adequado e verdadeiramente multidisciplinar, oferecendo suporte por meio de psicoterapia, acompanhamento psiquiátrico e jurídico, atendimento com ginecologistas, práticas integrativas como arteterapia, yoga, meditação, aulas de defesa pessoal, terapias alternativas, além de acompanhamento com educadores físicos e acesso a academia. A proposta é cuidar do corpo, da mente e da dignidade de cada pessoa que procura recomeçar.